26.11.09

vagar errante

porque hoje as suas palavras traduzem minha alma de uma forma que eu mesma não seria capaz...

Teoria não validada

Sob meu olhar pálido
A verdade escorre já falecida
E na levada desta sina
O linear torna-se árido

Dentre tantas frases encolhidas
Falta-me ar para dizer o contrário
Que não há dores escolhidas
Como uma derrota de bom grado

Todos os passos são revoltos
Envoltos em melodias já castigadas
O que me resta, senão a falha?

Enfim, o desconforto atrofia em mim
Flores de vidro não mastigadas
Na garganta, na sacada, não importa
O medo e o peso alimentam-se da náusea
De carregar o próprio tormento
Em pleno consentimento com
O vagar errante de minha alma!

Samuel Malentacchi

25.11.09

bem, ainda

Acordo cedo, antes do horário, pra sobrar tempo, pra não dizer que a culpa foi minha e dos meus irresponsáveis atrasos. Tão cedo que sobram dezenas de minutinhos chatos pra eu lembrar que posso estar ansiosa. Aí eu lembro, pela primeira vez hoje, que tudo pode dar errado. Mas tudo vai caminhando tão naturalmente que parece mesmo fácil e, portanto, possível pra minha capacidadezinha. Mas com a mesma facilidade caminha até mim o resultado. Antes mesmo que eu termine de fazer meus planos, a notícia (mais esperada desse dia) chega ao contrário, distorcida, fazendo eco.

INFORMO QUE, INFELIZMENTE
INFELIZMENTE
INFELIZMENTE,...

Primeiro me pergunto o que fiz de errado e, já sem paciência com meus erros, respondo na mesma fração de segundo: Nasceu, sua infeliz! Em segundo lugar, aquelas desculpas que a gente sempre usa pro consolo - as desvantagens daquilo que você queria, mas não conseguiu. A grana era menor! (...) É, acho que só. Nada mais do novo seria pior do que o atual.

Mas sem chiliques. É preciso voltar à lista de miltrocentasequinhentasmilhões de coisas que ficaram pela metade. Olho pro meu texto e me escapa todo o vocabulário. Passo pro arquivo de áudio e não encontro uma gota de criatividade pra fazer algo que eu goste.

concentra! concentra! concentra!

- Você precisa escolher a cortina do seu quarto novo, Bubu!
- Hoje não dá.

Vou.
Uma hora depois...

- Não sei o que eu quero, vou deixar pra outro dia.
- Não, tem que ser hoje. Você não consegue escolher uma cor, Brunna?
- Não. Não consigo.

[nem escolher a cor da cortina pro meu quarto]

O meio da tarde já chegou e NADA feito.
15h30 ...
16h ...
16h37 ...
17h ... GAME OVER - hora de sair. O trânsito aguarda meu stress ansiosamente. Óbvio que a chuva viria pra comprovar a Lei de Murphy. Mas tudo bem, não posso usar os fenômenos naturais como desculpa pras minhas falhas, como fazem os políticos. Aliás, pensar neles só estraga ainda mais meu dia. Neles e no meu chefe, que a essa hora deve tá xingando até a 1ª geração da minha família, por causa de uma falta - a primeira desde os quae 16 meses (sofridos) que eu trabalho pra ele.

Minha cabeça não pára e... MEU DEUS, ESQUECI!!! Esqueci de estudar. Odeio prova. Leio, troco a marcha. Leio, olho no retrovisor. Vou bater o carro. Só falta isso. Já sei do risco de fazer tudo (e nada) ao mesmo tempo. Uma hora alguma coisa dá pane. Mesmo assim, continuo.

Atrasada, só pra variar meus hábitos. O que dá tempo de fazer dentro da minha falta de planejamento, eu faço. E... 19h30. - pra sala. Só enrolação. Demora, mas, enfim, me entregam a bendita avaliação. Difícil.

BURRA! BURRA! BURRA!

Acabo. Mal.

Hora de passar nas salas, hora de, mais uma vez hoje, dar essa carinha pra bater. E apanho. Mas pelo menos nessa eu não tô sozinha.

Preciso ir pra casa logo ou meu mau humor vai matar alguém. Quem sabe não escrevo alguma coisa, ã?

Taí mais uma coisa que eu não consegui fazer direito. Quem sabe até o fim da vida ainda descubro minha vocação.


.
.
.
Ainda bem que existem lágrimas e soluços. Ou a raiva pela minha incapacidade explodiria me divindo em mil pedaços podres. Ainda bem que existe água pra renovar a minha alma. Ainda bem que eu tenho essa página em branco pra aguentar meus desabafos, por mais infantis que eles possam parecer. Ainda bem que inventaram a música.

...ainda bem que eu tenho o abraço dele pra poder querer chegar ao dia seguinte

- e poder tê-lo novamente.

ainda [estou] bem

13.11.09

musa art(e)ficial

do quadro jogado na rua, uma obra viva assalta minha atenção. sem perceber, me encontro observando cada detalhe da sua performance. ela não parece uma atração típica daquela praça abandonada, mas intervém na [ausência de] vida que existe ali. por algum motivo, se comunica comigo e eu quero compreendê-la.

me debato em milhares de explicações prováveis para entender uma nudez solitária, tão delicada, em contraste com o asfalto - duro e sujo demais pra dividir o mesmo ar que a simplicidade da sua beleza.

pelas ruas, a confusão de artistas entreat(r)os aguça meus sentidos. quase mágico, o ambiente confunde meu raciocínio, inibe qualquer razão. mas a concentração dos seus gestos é o que me hipnotiza e me convida ao mergulho num olhar monalístico. busco algum sentido pra essa cena. então, amplio meus olhos-lentes, tentando alcançar cada marca da sua pele e, mais perto da sua alma, percebo um ritual catártico: ela se liberta dos signos impuros cravados no corpo.

aos poucos, a musa sai da moldura artificial e invade o espaço da realidade. em volta, sinto o incômodo dos admiradores, céticos à tamanha sensibilidade. ela não reage à nossa curiosidade quase invasora. ao contrário, continua limpando os restos de tinta ainda grudados nos seus braços - já vivos - pra sair da estética.

da forma estática, o movimento.

da pintura virtual, a mulher-arte ganha vida!

11.11.09

dança no escuro

num susto, nossos olhos foram vendados pelo escuro. ficamos opacos. mas uma luz muito tímida sugeria que terminássemos a noite por ali mesmo. um convite sem sentido, como sempre é.

- Dança comigo?
- Mas aqui, amor?

sinto seu olhar em mim. te olho com minhas mãos curiosas e, aliviada, reconheço a segurança do seu corpo. te beijo, te beijo, te beijo... todo. esquecemos onde estamos e quem representamos. apenas somos o que sentimos.

a escuridão nos liberta.

livres.
a cidade apagou pros zumbis andarem livres: sem faróis, entre as construções ainda mais obscuras, as pessoas indefesas. está tudo do nosso jeito. quero apenas ficar aqui, presa nesse refúgio. nos seus braços. isolada no seu amor.


"Para
que servem os anjos?
A felicidade mora aqui comigo
até a segunda ordem...
"


... e tudo porque uma vela te chama.

7.11.09

puzzle


snetmeintosqueseebmarlahamnamhinamnete. nomeucroação, puracnofsuão. pgeriuçadepôrauqitduoqueeusntio. masaiamegmdiztudo. etsouhpionitazdaporsualuz. oufscamuesohlosatécgear. atémeebmebeadr. edrreubarnobar.