19.6.11

la nouvelle jeunesse
















Deixar o que precisar ficar
para trás,
época morta,
para trás!

Adiante, apenas a cidade-universidade
dos espaços, ideias, atos,
a liberdade exata.

- sonhamos!

Queremos os livros proibidos, as drogas ilícitas,
as festas imorais, as reuniões.
De censura, bastam-nos os pais!

Não nos corrompemos às suas ilusões.
O que vemos é uma mentira.
O que vivemos é uma mentira!

Por dentro dessa arquitetura intocável,
apenas um vazio há tempos apodrecido
Seu mal gosto antiquado
cobrimos com cartazes!
Pichamos a ordem do dia.

E se falamos para uma cidade velha,
que já não enxerga nem nos ouve,
multiplicar as palavras
em uma voz Internacional.

- sonhamos!

Da Europa ou da América
UMA BANDEIRA
pr'essa multidão amordaçada

sem direção,

em Paris, Madrid, Atenas,
Santiago, São Paulo, nas ruas,

(h)a juventude.

10.6.11

chuva artificial

de repente as águas se misturaram.

apenas sentia a chuva aquecendo meus arrepios. a queda d'água enfraquecida, como as minhas vontades. irritantemente fracas. as gotas - elas não alcançam as horas do meu cansaço. mas eu forço, aumento a temperatura. e faço derreter minha tensão no vapor dessa catarse diária.
a eletricidade que bombeia minha purificação é o que silencia meu desespero. ali, ninguém me ouve. o rosto molhado ilude a sensibilidade. não dá pra ver, saber, se há água demais ou de menos nos meus olhos. mas enquanto as tiver em mim, o registro não gira. enquanto sentir frio. enquanto estiver confortável pra todo o meu corpo, sentado ou encostado ali. enquanto disso eu precisar.
a tristeza parece mais suave entre toda essa espuma. a culpa parece mais limpa.

desligo o chuveiro e despejo em mim as ervas em banho. instante sem fôlego, choque térmico, a finalização de um descarrego.
olho pro ralo procurando algum sinal da minha angústia.