12.2.16

contra-gravidade

here are the young men, 
a weight on their shoulders
here are the young men,
well, where have they been?
we knocked on the doors 
of hell's darker chambers
pushed to the limit, 
we dragged ourselves in
watched from the wings 
as the scenes were replaying
we saw ourselves now 
as we never had seen
portrayal of the trauma
and degeneration
the sorrows we suffered 
and never were freed

do parapeito do vigésimo primeiro andar, o êxtase dos pés sobre a cidade inteira. a descoberta de um horizonte por cima do caos. a vida subia com tanta velocidade. como um foguete de última geração. a sensação de que o vôo era seguro, mas ainda um vôo, desafiando a gravidade. não era só a adrenalina, mas o alívio de desprender os pés do chão - estou a ponto de cair, mas uma chama potente anula o peso do corpo, direcionando todas as minhas forças ao céu, um combustível alimenta minha subida.

daqui a três anos já serão dez, e a aeronave ultrapassará ou se tornará - ultrapassada. o tempo deteriora. o tempo forma. o tempo coloca à prova as capacidades racionais. motores, energia. fósseis, raciocínios. acumulação de milhares de anos. o fogo primitivo ganhou novo sentido, fórmulas. do aquecimento do corpo ao estudo do universo, sendo mais veloz para resistir à força da gravidade.

a hipótese calculada, o acerto. a certeza de um pensamento que sobreviveu a um século inteiro contra a certeza de que a humanidade falha. só uma sociedade racional pode impedir uma catástrofe. para não cair no precipício, racionalizo. para subir novamente, racionalizo. a visão de um astronauta. os contornos do planeta vistos à distância, um vôo sobre a própria cabeça. um universo de conexões e entre buracos negros, ainda em estudo. o risco dos buracos negros. a angústia da incompreensão.

o combustível não renovável e uma galáxia tão desconhecida. uma nova geração com a força gravitacional de todas as gerações anteriores sobre seus ombros - uma geração inteira a ponto de cair, em busca de um combustível que possa acender nossos pés. um impulso de mil pés, salto, força contra-gravitacional. é preciso voar sobre nós mesmos, para ver o que somos. tomar a consciência de todos os séculos. é preciso sonhar. sentir no peito a força de todos os séculos. o pensamento fundido à natureza. o domínio das interações gravitacionais, razão que reacenda em nossos pés a vida de todos os séculos.

3.2.16

ser ou não ser

Que bela a morte!
Negação do mundo dos mortos-vivos, do mundo falido.
Fuga pro lugar nenhum, vazio, incolor, indolor, sorte dos doentes, paz.
A única possibilidade ou a última, depende
das tentativas, quantas falhas e feridas cicatrizadas.
Ato de síntese, conclusão acidental ou proposital.
Quando comigo?
Quase comigo. [Poderia ter sido!]
Caminho livre -- o céu não tem limites, nem o inferno.
Há lugar para a morte do mundo inteiro.
As almas soltas não pesam, não ocupam espaço, evaporam.
Desaparecimento de todas as experiências, dos sentidos, dos sentimentos, das pessoas,
você desaparece completamente.
Não sentir, não falar, não agir. Não ouvir, não estar, não faltar. Não.
Ser o não ser.