18.2.10

diluída

preciso diluir meus pensamentos
em letras de músicas - eu canto minha vida.
um set list eclético pra eu lembrar de cada pedaço do que fui e sou. colocar minha alma no mesmo lugar do corpo (acho que perdi aquele fiozinho que liga o espírito ao umbigo. saí de mim um dia e parece que, quando voltei, a pele, os ossos, as mãos... tudo estava pequeno demais. eu já não cabia mais em mim). grito pelos cantos do quarto a melodia caótica das alegrias e aflições que latejam tentando aumentar meu coração. mas ele não aguenta. às vezes parece que vai explodir.

preciso diluir meus sentimentos
em lágrimas e orgasmos - transbordo.
incontroláveis, a dor e o amor. inseparáveis, ele e eu.
num arrepio, lembro de ontem, anteontem, antes... quanto mais eu morro, mais forte é meu renascimento; ou quanto mais eu vivo, mais dolorosa é a minha morte.
minha paixão - meu ecstasy, preciso do seu prazer (in)finito todos os dias.

preciso diluir meus medos
em sonhos e criatividade - fujo.
confundo o rosto de uma com o cabelo de outra, as personalidades, o passado com o presente e o futuro. tudo se embaralha em cores quentes. noutro devaneio, em cores frias. mas cada detalhe faz sentido. meus pesadelos são quebra-cabeças mal montados. tudo entortado, mas todas as peças fazem parte do todo. da minha mente doente.

preciso me diluir
no que houver de mais repugnante em mim, na minha feiúra - minhas atitudes destroem.
anarquizei minha personalidade. fiz do ódio absurdo (por mim, pelo mundo) a anarquia mais inconsequente. voltei ao infantil. pra fugir do monstro que nasceu aqui. pra me diluir. me destruir.