21.3.11

subway

tenho vontade de fazer parte desses trilhos que me guiam todos os dias. meu reflexo se mistura às linhas sem que eu perceba. a luz, a minha cabeça... se desgruda, se solta em duas, três... eu me multiplico através do vidro. no intervalo de uma parede, fui decaptada. ela me olha. o trem anda e eu a perco de vista. deslizando e deslizando sobre o meu sangue, meu gosto de ferro. observa um homem sobre a faixa amarela. os trilhos atraem a sua cabeça. mais um decaptado. depressa os passageiros seguem pra algum destino - paraíso ou liberdade? preciso saber onde estou. não consigo desviar meus olhos pra nenhum caminho. a fraqueza rende meu corpo. onde estão meus olhos? eu não consigo me mexer. meus restos se dividiram entre as estações. meu coração quis ficar. até chegar à minha boca, agora, um labirinto de pregos quebrados. minha alma foi triturada em silêncio entre as ferragens. ninguém se pergunta o que está lá fora, quem está lá, no escuro subterrâneo. as almas que olharam para os trilhos caminham sem destino, sem cabeças, nos corredores de emergência. 
minhas mãos presas no corrimão. debruçada sobre a proteção férrea, como se ali tivesse congelado após um momento de vertigem.
- fim da linha -

Nenhum comentário:

Postar um comentário