6.3.11

minha festa colorida

a suavidade entrava e saia
um pouco de brisa
[sem mar, água]
um pouco de alegria para os meus pulmões

meu olhar driblava os arranha-céus pra não perder um segundo daquele espetáculo. não há pintura que supere as cores absurdas do anoitecer. layout dos deuses.

color-
indo o céu

vermelho
-indo
alaranjando

a poluição
azul-cel-este-oeste acin-zen-tado

o claro
-indo
escurecendo a vida
na cidade com tons lilás

do pátio do colégio, já podia ouvir... apressei o passo, meu coração-carnaval.

TUM... tum-TUM!
- começam os batuques
a festa mais colorida

desde 1917, as avenidas festejam o final de fevereiro com um cortejo de maracatu. cento e cinquenta alfaias vermelhas desfilam pelo centro da cidade. é a primeira vez sem Jorge, desde que nos conhecemos ali em 1971.
acompanho os tambores sozinha. a liberdade é uma das melhores coisas no 'dançar maracatu'. alguns batuques mais fortes me despertam.

giro
-ando
o vestido branco

solto as mãos
do corpo todo

pulando-explorando
o chão, a música
guiando

a marcha me leva à dança. as luzes e enfeites encantam o grande baile no vale do anhangabaú. gosto de sair me divertindo no meio das pessoas. uma menina sorri pra mim e começamos a misturar nossos confetes mirando em um holofote, no alto. ainda na chuva de pedacinhos de papel, ela some. todos dançam juntos, trocam serpentinas. sozinhos e juntos.
a música pára - duas mãos tampam meus olhos...

[as mãos da multidão! - a única coisa que a minha mente consegue sugerir.]

giro pra trás... meu cachecol vermelho se enrosca em nós dois.
ele me abraça, me cheira.

por algum motivo, a frança deixara seus cabelos mais encaracolados.

saudade, saudade
Jorge me beija.

doce carnaval.

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