9.5.10

bela felicidade

vi o rapaz primeiro, quando ainda estavam do lado de fora. os traços do rosto bem definidos. marcantes. um sorriso que irradiava até nos meus olhos.

[mais beleza há na sua felicidade que nos seus dentes e boca - perfeitos]

a porta abriu e ele, cavalheiro, deixou que uma moça passasse na sua frente.
um corpo delicado num vestido psicodelicamente colorido, sapatinhos meigos, tanto quanto seus gestos. ela também sorria.
agora eu podia observá-los inteiramente.
ele usava uma calça verde - quase no mesmo tom do verde que coloria a roupa dela.
era alto, o cabelo loiro escuro. a pele tinha um tom claro, mas dourado pelo sol. e o corpo parecia não ter nenhuma imperfeição.

[fantasiei por um milésimo de segundo]

eu não parava de olhar, acho que percebiam. mas pareciam nem se incomodar. já devem estar acostumados. não que fossem de uma beleza absurda e incontestável. não eram. reparei novamente e, definitivamente, não eram lindos - no que se convém socialmente a chamar de 'lindo'. mas havia sim alguma coisa muito bela naquele casal. algo mais atraente do que aquilo que se podia ver ou ter concretamente.

["belezas são coisas acesas por dentro"]

eles brincavam. umas brincadeiras meio bobas, umas caretas infantis. riam. só-riam.
eles me atraíam. tentei me lembrar de quando vi pela última vez uma paixão-beleza-felicidade tão pura. era tão doce!

chegou a minha estação, que era a deles também. perdi os dois de vista.
voltei a mim.

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