31.10.16

passageiro

por alguns minutos, recobrei os sentidos. algo se descolou de mim, saiu do meu peito e caminhou na minha frente. caminhava algo que eu já não sabia mais o que era. um desconhecido no meio da multidão, diluído como pó em líquido. seus passos seguiam apenas outros passos, indiferente às possibilidades de destino, iria para onde fosse a multidão. guiado por uma marcha cega, roda-viva. ele foi sugado pela correnteza...

nas faixas do metrô
as pessoas se vão
para a frente ou para trás
todos caminham
eu me viro pra outro lado
sinto o cheiro do caminho
as portas se abrem e se fecham
pelo túnel através 
da cidade de hoje
chega chega chega
loco-motiva

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