que se danem(!)
as marcas
das feridas!
o orgulho
não se importa
com as necroses
na pele
ou nas cordas vocais.
a ansiedade,
o ciúme
- vícios
tem
vontade própria. a razão,
em vão, discursa.
a subtração
do ser
mais o não ser
hoje não chega
à solução.
quando os olhos
estão embaçados, números confundem.
a nitidez
em dias
duplicados e trêmulos,
encharcada
de contradição.
cicatrizo,
penso tudo ao mesmo tempo:
viver a história,
tomar uma cartela,
discar número errado. num ódio
infinito,
perfuro
até sangrar. sinto voltar
o vômito
engolido.
refaço-me e apodreço
despedaço,
pereço. todos os dias
uma experiência sem progresso, um erro,
um monstro obcecado
pela felicidade,
reconstituído
de corpos mortos. meios
para usurpar(-me).
uma vida
em sangue
alheio,
só isso.
não sei
se sou
a, ab, o+ ou o-,
será que
saber pode formar um ou outro
pensamento sobre mim?
se você
não tivesse
existência,
[restaria apenas],
roubaria
a dos outros?
escrevo milhares
de linhas
sem saída.
e se as palavras
mais sinceras
não me explicam,
quais,
quem mais
poderão?
a minha escrita
egoísta,
pra ninguém
serve,
nem importa se faz
salvar
ou ruir
se liberta
num corpo
(des)construído, falível, criatura trágica.
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