Desceu as escadas, me viu.
Sem perguntar, pedir,
entrou e bateu a porta.
[As mãos se apoiaram entre os azulejos.
O amor foi devorado.
Os olhos, no escuro, não diziam]
Ao chão!
Ao cheiro!
À surpresa!
Tocava-me, prendia
outra vez, o ar, o tempo,
parados, incontrolados,
meus lábios servidos de delírio.
O pulso e as pálpebras
caindo.
As vozes e os segundos
em ritmo,
em mãos.
Levou nossos sentidos
ao quadrado
ao lado.
[O perfume dos seus carinhos,
lençóis,
dias vazios.]
A-calma
pr'alguma dor,
alguma falta,
alguma ansiedade
que houvesse.
O prazer silenciava meus tormentos.
Retorcido em gemidos, segurava minha cintura
como se fosse perdê-la.
Eu queria apenas estar e ser esta noite,
desenhada no papel, no caderno de capa vermelha.
Meu retrato: menina,
de olhar perdido
nos lados do quarto.
[Escritos
preto com branco,
sobre um tipo comum
de letra,
do que se diz,
do que se quer.]
Os nossos hálitos não sabem de si.
- Escrevi num canto borrado.
O nanquim fez curvas.
No seu traço,
a literatura de mim, espírito despido
à janela do alto do prédio,
a cidade ressentida abrigando nosso infinito,
os edifícios.
De tanto ser
- fomos
escorremos
entre estrelas
e paredes
paralelos
cruzavam-se
intensos
encontros.
quem dera eu ter sido uma única linha disso tudo.
ResponderExcluireu sei o que sente.
ResponderExcluirquem dera eu ter sido todas, ou pelo menos a maior parte, das linhas que vc escreve, Anônimo.
aqui, realidade e imaginação tbm se misturam. vc está aqui.