12.9.11

traçados
















Desceu as escadas, me viu.
Sem perguntar, pedir,
entrou e bateu a porta.

[As mãos se apoiaram entre os azulejos.
O amor foi devorado.
Os olhos, no escuro, não diziam]

Ao chão!
                Ao cheiro!
                                   À surpresa!

Tocava-me, prendia
outra vez, o ar, o tempo,
parados, incontrolados,
meus lábios servidos de delírio.

O pulso e as pálpebras
                                      caindo.
As vozes e os segundos     
                                       em ritmo,
em mãos.

Levou nossos sentidos
ao quadrado
ao lado.

[O perfume dos seus carinhos,
lençóis,
dias vazios.]

A-calma
pr'alguma dor,
alguma falta,
alguma ansiedade
que houvesse.

O prazer silenciava meus tormentos.

Retorcido em gemidos, segurava minha cintura
como se fosse perdê-la.
Eu queria apenas estar e ser esta noite,
desenhada no papel, no caderno de capa vermelha.

Meu retrato: menina,
de olhar perdido
nos lados do quarto.

[Escritos
preto com branco,
sobre um tipo comum
de letra,
do que se diz,
do que se quer.]

Os nossos hálitos não sabem de si.

- Escrevi num canto borrado.

O nanquim fez curvas.
No seu traço,
a literatura de mim, espírito despido
à janela do alto do prédio,
a cidade ressentida abrigando nosso infinito,
os edifícios.

De tanto ser
                     - fomos
                                   escorremos
entre estrelas
                      e paredes
                                      paralelos
cruzavam-se
                      intensos
                                      encontros.

2 comentários:

  1. Anônimo13.9.11

    quem dera eu ter sido uma única linha disso tudo.

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  2. eu sei o que sente.
    quem dera eu ter sido todas, ou pelo menos a maior parte, das linhas que vc escreve, Anônimo.

    aqui, realidade e imaginação tbm se misturam. vc está aqui.

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