27.11.14

o que será?

tenho algo a dizer que está mudo,
          algo a fazer, mas que está preso.

por isso, sinto
que nada em mim 
vive 
 - o movimento que dá sentido 
aos meus sentidos não tem estímulo.

escrevo para dar o tranco
empurrando meia dúzia de versos,
e em verso chego a pensar
que ainda vivo.

mas os dias são pequenos
demais para a poesia
- não nos resta tempo
nem saúde.

e, além do mais, nestas linhas
privadas, ainda não digo
nem faço 
História
- ainda não alcanço 
o que me cala, ainda 
não me liberto.

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