abandono, desperdício, perigo.
o corpo não resiste ao meio,
nem a consciência existe
livre do esmaga-vida.
as coisas feitas à força
- o ódio das relações.
a maior máquina de todas
que natureza tem?
a estiagem social perdura
tempo demais na nossa carne.
e volta a fome, a necessidade,
o instinto, agora vil e potente,
estranho, numa classe oposta.
tudo isso que revolve por dentro
e permanece como um veneno,
dissolvido pouco a pouco,
amarga a boca do mundo.
9.5.17
2.5.17
belchior
parece que foi um amigo
que partiu levando pro espaço
um pedaço da nossa coragem
o grito forte do nosso coro
cortando – em vôo e canto
abrindo no céu um horizonte ferido
pra gente ver sempre sangrando
o novo, o novo e o novo
que partiu levando pro espaço
um pedaço da nossa coragem
o grito forte do nosso coro
cortando – em vôo e canto
abrindo no céu um horizonte ferido
pra gente ver sempre sangrando
o novo, o novo e o novo
7.3.17
de ossos calados
o canto e a dança
-eu-fórica-,
os joelhos suplicam
um próximo fato
impedido, intocável,
fixo ao vértice
da aniquilação
- o sonho foi petrificado
num impiedoso revés.
porém:
a serviço
uma nova ordem
máquina
britadeiras para explodir
os desejos-cascalhos,
betoneiras para forjar
um tecido concreto
- cala e grita, para falar,
pára e corre, para mover
até que um ritmo
acerte
o que sorve e o que ansia,
lábios, estômago, garganta,
a água salgada
e o gosto de ferro
- o corpo
é o olho nu
espaço-tempo.
-eu-fórica-,
os joelhos suplicam
um próximo fato
impedido, intocável,
fixo ao vértice
da aniquilação
- o sonho foi petrificado
num impiedoso revés.
porém:
a serviço
uma nova ordem
máquina
britadeiras para explodir
os desejos-cascalhos,
betoneiras para forjar
um tecido concreto
- cala e grita, para falar,
pára e corre, para mover
até que um ritmo
acerte
o que sorve e o que ansia,
lábios, estômago, garganta,
a água salgada
e o gosto de ferro
- o corpo
é o olho nu
espaço-tempo.
14.2.17
ser vivo
vi vida não-viva:
vírus, polímeros,
substância
homem-rocha.
vida-não,
vínculo vívido,
vida morta movida,
ser não ser vivo,
infinito movimento,
form-ato de vida.
- alma, deus...
nada disso!
dizem os vivos.
vírus, polímeros,
substância
homem-rocha.
vida-não,
vínculo vívido,
vida morta movida,
ser não ser vivo,
infinito movimento,
form-ato de vida.
- alma, deus...
nada disso!
dizem os vivos.
bocejo
S O O O
C O O O
O R R O
S O O U
O S O N
O L E N
T O S O
N O L E
E E E N
T O O U
L E N T
A M E N
T E N O
S I L E
N C I O
C O O O
O R R O
S O O U
O S O N
O L E N
T O S O
N O L E
E E E N
T O O U
L E N T
A M E N
T E N O
S I L E
N C I O
distração (em outras palavras)
entorpecida, imagino o tempo desperto,
pois há vida onde resido
à distância do teu colo.
e pelas cavidades inalo, no entanto,
num ângulo, prazer e ânimo,
entre um passo desatento,
ao fim líquido e certo
para o vívido intenso
sem peso, não sendo
não tendo, não dizendo, a-firmando.
pois há vida onde resido
à distância do teu colo.
e pelas cavidades inalo, no entanto,
num ângulo, prazer e ânimo,
entre um passo desatento,
ao fim líquido e certo
para o vívido intenso
sem peso, não sendo
não tendo, não dizendo, a-firmando.
10.1.17
distração
sonho durmo quando acordo
porque vivo e moro onde
bem distante do seu peito
mas nos poros aspiro
um canto de fôlego de desejo
pra enquanto eu distraída
fazer tanta água gota viva
vitalícia a paixão
vida leve a ser não
a ser, a ser, acertar o não
9.1.17
acaso
o corpo anoitecia
em um e outro gole
eu pensava nele
ele pensava nela
mas sobre a mesa
uma outra sorte
– saúde!
um brinde ao nosso caso
a partir daqui
até onde
decida
o lance de dados
em um e outro gole
eu pensava nele
ele pensava nela
mas sobre a mesa
uma outra sorte
– saúde!
um brinde ao nosso caso
a partir daqui
até onde
decida
o lance de dados
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